Alguns dias me sinto triste sem quê nem porquê. Outros dias fico alegre com quês e porquês ou sem nenhum deles...
Ontem estive bem triste. Tinha um pouco de quê na minha tristezinha... Era um quê apertado. Um quê de que não cabe tanta coisa em mim. Um quê de sentir-me pequenininha e querer ficar pequenininha no colo de mãe. Chorando baixinho pra ninguém escutar...
Minha tristeza de ontem (ontem = últimos dias e um pedaço de hoje) tem tudo haver com sentir pena de mim mesma, com uma vontade de ficar em posição fetal e não explicar pra ninguém os porquês. Auto-piedade mesmo.
Sentindo-me a última bolacha do pacote (toda amassada e esfarelada)... Eu não queria atender o telefone, não queria conversa com meu filho, não queria olhar para a minha avó e nem falar Boa Noite para minha mãe.
Me joguei na cama com a roupa de sete horas da manhã e dei-me a chorar. Liguei a TV e todos os canais eram ridículos. Não atendi a nenhuma ligação. Não quis ouvir a história da Aula de Inglês que meu filho queria contar. Evitei escutar os chamados da minha avó. E chorei muito mesmo. Muito.
Atendi somente uma ligação da minha amiga Jazzmim. Ela dizia: “Flor! Não chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos cantar...”. Fofa.
Não tirei nem os sapatos, tamanho estado de exaustão emocional, e fiquei ali até dormir. No meio da noite minha mãe, provavelmente, desligou a TV, tirou meu sapato e me cobriu. Mães sempre fazem isso.
Acordei com um abraço apertado e gostoso do meu filhote hoje.
Cheguei ao trabalho e minha amiga Verde perguntou o que eu tinha e, sem esperar resposta, ordenou que eu me levantasse e me deu o maior abraço do mundo. Energia boa demais.
Meu chefe resolveu fazer uma graça que vai resolver grande parte dos meus problemas...
Ganhei balas de um colega de trabalho...
E, quando não tinha mais escapatória para ficar feliz de novo, recebo um e-mail de Flower by Kenzo. Um e-mail direcionado para três pessoas. Ela me escolheu para recebê-lo. E olha só alguns trechos do texto:
Texto: Fernando Eichenberg, de Paris
Às vezes, também é preciso ficar triste
Parece injusto dizer a quem sofre que isso vai passar logo ou que a dor é pequena se comparada a outros sofrimentos do mundo. Mas é o que a sociedade atual está fazendo - num simples comentário ou com o aumento do consumo de antidepressivos. Uma revisão médica sobre essa conduta de tratamento, no entanto, está provando que negar a tristeza não faz ninguém mais feliz. Ela é tão necessária quanto o amor e o prazer para nos guiar na vida.
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O que acontece é que a tristeza perdeu o direito de existir.
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EXIGÊNCIA DE SUCESSO
Proibir a tristeza provocada por uma ruptura amorosa, pela perda de alguém próximo, por uma decepção pessoal ou por um problema profissional é banir um sentimento normal, que deve ser vivido, inclusive, para que possa ser superado. Para Allan Horwitz, duas tendências sociais colaboraram para que atingíssemos esse estágio.
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Para Horwitz e Wakefield, o homem moderno esquece a sabedoria do passado e se engana não somente de tristeza, mas de felicidade também. Quando organizou a enorme exposição sobre a melancolia no Grand Palais, em Paris, o historiador de arte francês Jean Clair disse: "A infelicidade da época atual é a de desejar uma existência atonal, plana, em uma linha horizontal, sem depressão, mas também sem exaltação. Uma perpétua linha de homeostasia, que se obtém graças ao Prozac e às moléculas químicas. Está-se sempre com o mesmo humor, mas um humor constante não produz nada. O que produz o som é a vibração".
Link: http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0110/06/06.shtml
E aí eu tive a certeza de que tenho amigos maravilhosos, família cuidadosa e que tenho, sim, direito de ficar triste de vez em quando. Ora, pois. Sou normal. Se nunca ficar triste...
Até porque tristeza é contrário de alegria. Infelicidade é que é coisa ruim. Porque é contrário de FELICIDADE. Esta última é uma constante. A primeira é um momento. Alegria, tristeza...
Isso me lembra um antigo chefe que me ensinou que a FELICIDADE é uma simples questão de ESCOLHA. E, por mais idiota que pareça, é verdade. Nesta época escolhi ser FELIZ. Sabia que momentos tristes e alegres fariam parte, mas a minha FELICIDADE era condição para a minha coexistência. E pronto. E funciona.
Sentir pena de si mesmo é chato, um purgatório. Mas acontece só pra gente perceber o quanto fomos idiotas depois. Tem que chorar nem que seja para limpar os olhinhos. Tem que pedir colo de mãe nem que seja para sentir aquele cheirinho bom que mãe tem. Tem que soluçar porque deve fazer bem (ou o soluço não existiria!). E sentir. Porque não sentir nada é que deve doer mesmo...
E meus amigos e minha família... PUTA QUE OS PARIU, GENTE!
E da-lhe o bordão:
Eu peço a Deus pra ser FELIZ... E Ele exagera!
By Carolina Bahasi
20 de Agosto de 2008.
10:31 h
O que dói é não sentir
Posted by : Bahasi | 21 agosto, 2008 | Published in
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