Cansada de matar os reis da selva, hoje resolvi apenas segurá-los para que não me ataquem. O problema é que eles são pesados. E muitos. E me cercam de todos os lados.
O leão ESCOLA FILHO PROBLEMA é, de todos, o maior. Isso porque traz nas costas o leão FILHO COMPORTAMENTO e tem ao seu lado o leão CULPA DE MÃE. Estes três me devastam e dilaceram por dentro e por fora. Estraçalham tudo, mexem com o coração, pulmão, estômago, cabeça... Tira-me a vontade de trabalhar, estudar, fazer supermercado, comprar o remédio da minha avó, dar colo para minha amiga, correr, sair, ler, escrever.
Chorar. Chorar é possível e tudo o que eu quero agora.
Toda a tristeza que alguém pode sentir é menor do que a tristeza que a mãe deste alguém pode sentir por ele. Se o filho se sente só e sofre por isso a, mãe sofre duplamente e sente culpa. E acredita até que a culpa deve ser dela mesma.
E os outros leões continuam me assolando porque o tempo... O tempo não para. O leão MÃE PÓS-INFARTO e o leão AVÓ DE 90 ANOS QUE JOGOU O ANTIDEPRESSIVO FORA E AGORA VIVE A CHORAR são leões de muita responsabilidade. E eu sou uma mulher pequena.
Tem também os leões: EMPREGADA QUE LIGA TODOS OS DIAS COM ALGUM PROBLEMA e o leão SER RESPONSÁVEL PELA CASA. São leões... Não são leões gigantes.
Como uma parábola infantil: “A pequena menina perdida na selva entre leões ferozes”.
Como há de ser uma parábola infantil, o final, após agouros e intrépidas ocorrências, é feliz.
A menina há de descobrir que todos aqueles leões não queriam comê-la, mas sim, fortalecê-la para enfrentar outros bichos ferozes, e pior: enfrentar a falta de todos aqueles leões um dia.
Mas isso só acontece depois de transcorrida toda a história, de todos os golpes, de todos os momentos desesperadores até aquele final: a menina pequena, já sem forças para lutar, caída no chão e prestes a ser degolada pelos leões assassinos... Fita os olhos daquele mais tenebroso e percebe, ali, naquele singelo momento, uma delicadeza naquele olhar leonino. E, não tendo mais nada a perder, ela estica seu pequeno bracinho e com a mão pequena de menina pequena... Toca a face do leão. E começa a tocá-los, um por um. E sente uma força a cada tato.
E aí ela descobre que sua pequenitude é somente uma questão de “sentir-se assim, pequena”. Descobre que, na verdade, é uma mulher grande e forte que enfrentou todos os leões e sobreviveu. E se tornou amiga deles.
Apesar de terminar ali a parábola infantil que vai para as livrarias, a menina sabe que a história continua. Sabe que os leões continuarão existindo e que, por vezes, se assustará com eles. E sentirá aquela velha vontade de não fazer nada, além de chorar.
É assim que me sinto agora.
O leão ESCOLA FILHO PROBLEMA é, de todos, o maior. Isso porque traz nas costas o leão FILHO COMPORTAMENTO e tem ao seu lado o leão CULPA DE MÃE. Estes três me devastam e dilaceram por dentro e por fora. Estraçalham tudo, mexem com o coração, pulmão, estômago, cabeça... Tira-me a vontade de trabalhar, estudar, fazer supermercado, comprar o remédio da minha avó, dar colo para minha amiga, correr, sair, ler, escrever.
Chorar. Chorar é possível e tudo o que eu quero agora.
Toda a tristeza que alguém pode sentir é menor do que a tristeza que a mãe deste alguém pode sentir por ele. Se o filho se sente só e sofre por isso a, mãe sofre duplamente e sente culpa. E acredita até que a culpa deve ser dela mesma.
E os outros leões continuam me assolando porque o tempo... O tempo não para. O leão MÃE PÓS-INFARTO e o leão AVÓ DE 90 ANOS QUE JOGOU O ANTIDEPRESSIVO FORA E AGORA VIVE A CHORAR são leões de muita responsabilidade. E eu sou uma mulher pequena.
Tem também os leões: EMPREGADA QUE LIGA TODOS OS DIAS COM ALGUM PROBLEMA e o leão SER RESPONSÁVEL PELA CASA. São leões... Não são leões gigantes.
Como uma parábola infantil: “A pequena menina perdida na selva entre leões ferozes”.
Como há de ser uma parábola infantil, o final, após agouros e intrépidas ocorrências, é feliz.
A menina há de descobrir que todos aqueles leões não queriam comê-la, mas sim, fortalecê-la para enfrentar outros bichos ferozes, e pior: enfrentar a falta de todos aqueles leões um dia.
Mas isso só acontece depois de transcorrida toda a história, de todos os golpes, de todos os momentos desesperadores até aquele final: a menina pequena, já sem forças para lutar, caída no chão e prestes a ser degolada pelos leões assassinos... Fita os olhos daquele mais tenebroso e percebe, ali, naquele singelo momento, uma delicadeza naquele olhar leonino. E, não tendo mais nada a perder, ela estica seu pequeno bracinho e com a mão pequena de menina pequena... Toca a face do leão. E começa a tocá-los, um por um. E sente uma força a cada tato.
E aí ela descobre que sua pequenitude é somente uma questão de “sentir-se assim, pequena”. Descobre que, na verdade, é uma mulher grande e forte que enfrentou todos os leões e sobreviveu. E se tornou amiga deles.
Apesar de terminar ali a parábola infantil que vai para as livrarias, a menina sabe que a história continua. Sabe que os leões continuarão existindo e que, por vezes, se assustará com eles. E sentirá aquela velha vontade de não fazer nada, além de chorar.
É assim que me sinto agora.
A menina com vontade de chorar no meio dos ferozes leões pesados.
By Carolina Bahasi
05 de Setembro de 2008.
09:48 h
By Carolina Bahasi
05 de Setembro de 2008.
09:48 h
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