O SOCIAL E SUAS VERTENTES

Posted by : Val e Arte na Veia | 21 janeiro, 2010 | Published in



Eu não tenho chão, eu não tenho casa, eu não tenho pão. To vendendo as asas que possuo por não ter nada mais - Vanessa da Mata ''Eu não Tenho''.



Gosto de escrever sobre sociedade e educação porque são temas que envolvem os pensamentos e abrem questões sobre tudo que vimos em nosso dia a dia. Eu poderia ser uma personagem bem distante desta que sou hoje, por isso tento me colocar no lugar de muitos que tiveram pouca ou zero oportunidade na vida.
Influencias existem, todos fomos crianças e nos espelhamos em quem estava mais perto como orientador (a). Isto me faz ‘’tentar’’ entender tudo que é diferente.
Criança é o fruto do amanhã, precisa de amor, de compreensão, de orientação para se tornar no mínimo um ser humano melhor. Uma educação estruturada e compreensiva é primordial para que o ser desenvolva suas habilidades com segurança dentro de uma sociedade padrão e castradora.


Quase no final do ano passado, tive contato com um ‘’ex- morador de rua’’ chamado Tião Nicomedes e escrevi sobre as ruas e seu melhor ‘’a arte’’ me envolvi em oficinas e conheci um lado que eu não sabia que existia: Seres humanos extremamente capazes de atuar, que falam bem, conhecem política mais que muitos por ai, fazem sua arte em forma de música, artesanato, teatro... Entretanto optam (ou não)em dormir nas ruas em cima de um papelão (alguns optam mesmo)!
Realmente é um modo de vida de alguns que ouvi em alguns momentos. Tentei entender, questionei um garoto carioca extremamente inteligente, que veio caminhando a pé do Rio de Janeiro para São Paulo, morador de rua que me disse não querer trabalhar para os outros e este fugiu de casa porque a mãe, provavelmente dominadora, não aceitava seu modo de vida, desejando transformar a vida dele no que era sonho para ela. Conheci outro garoto, este era de menor, fugiu de casa e tem traumas porque viu o pai sendo morto pelo tio. Outro rapaz com quase 35 anos, em frente a igreja na Pça da Sé, me apresentava seu lar (as escadas da igreja) me dizendo que desde dos seus 15 anos de idade morava ali. Todos com uma história de abandono, traumas, desestruturas familiares, falta de compreensão, violência...Muitos ainda travados preferem não comentar sua história e assim vivem com as andanças, morando em albergues e quando não tem vaga o papelão no chão é o que tem para dormirem.

Depois de tudo que ouvi e presenciei, observei e fiz uma analise, refleti sobre a vida que eu levo, a minha casa, os meus costumes, as maneiras e tudo que aprendi, que almejo... Não quis imaginar a rua como lar e um papelão como cama, fiquei mal só de pensar na situação.
Existem milhões de pessoas envolvidas em projetos de rua, professores, jornalistas, coordenadores de oficinas, ongs, a puta que pariu da educação... E o cidadão volta para as ruas sem saber que existe um mundo amplo a ser desvendado, onde ele precisa entender o que realmente significa inclusão social na prática!

- Pagamos impostos para o povo, sem nenhuma exceção, ter acesso a estudo, emprego, tratamento médico, hospitalização... Se os valores, impostos fossem empregados com honestidade, nesses serviços que são obrigação do Estado, nem existiria o termo "inclusão social", porque toda a população estaria amparada no básico para a sobrevivência.

Ao assistir uma entrevista com o presidente Inácio Lula da Silva falando sobre sua história de vida, sobre política e seu planejamento, entendi que ele quer elevar a classe baixa, quer dar força para este povo crescer e tomar a sociedade. Incentivando o alto consumo (hã Lulinha?) da classe baixa ele brinca de Mister sensação do movimento de rua, talvez a idéia possa ser interessante, porém se não existir uma estrutura forte na nossa educação, na disciplina, na ordem e progresso, acredito que é uma luta, um ideal em vão! É tapar o sol com a peneira e ficar plantado no mesmo chão com uma raiz podre, que nunca cresce e jamais dará bons frutos. A condição de vida de anos atrás é muito diferente da realidade de hoje, uma família pobre de antigamente mantinha seus valores, sua dignidade e mesmo uma mãe com mais de 10 filhos se virava com todos, comiam arroz e farinha, fubá ou algo semelhante e eram bem educados, saudáveis, fortes e trabalhadores...
Num espaço para os moradores de rua onde estive (parecia até um espaço comunista, mas não é.), um morador de rua defendia o Lula dizendo que ele esta fazendo grandes coisas para o povo inferiorizado na sociedade (os catadores de latas, de lixo...) Tudo bem, pouco entendo desta política, mas ninguém mostra o tanto de informação que existe no mundo e as possibilidades para aquele ser humano, existe mais que um albergue, um prato de comida ou papelão, existe mais que uma prestação nas casas Bahia ou bolsa família. O que existe é triste e todo mundo sabe, é o crack e a pinga que faz com que ele se esqueça até sua origem e a vergonha na maioria das vezes e isto é tudo? Será que estou visando a matéria e esquecendo os verdadeiros valores da vida?
Agora para onde caminha a humanidade e para onde caminha o poder?
São jovens que sabem declamar, atuar, cantar, que falam sobre sociologia e muito mais. O que falta é ordem e progresso!!!

Para mim é triste ouvir de um cidadão que a ponte e sua cachaça é tudo em sua vida.

inclusão social é uma palavrinha bonitinha, talvez um mero detalhe para acharmos que algo esta mudando, porque quem sente na pele sabe que os padrões, os conceitos gerais da sociedade é o que está impregnado na mente da maioria como o certo. Aprendemos a conviver com a disciplina, a criar conceitos através do que foi imposto na sociedade. Você come de garfo e faca porque simplesmente aprendeu com alguém, o morador de rua come com as mãos e isto é ser parte do social? Dá para entrar em um determinado local para almoçar e comer com as mãos, ou então sentar-se a mesa todo sujo? Tomar banho todos os dias é um habito natural para você e para eles?

O lance é trabalhar profundamente a estrutura na educação!!!

Reflitam e que cada um tire suas conclusões, valeu?



pensamentos

  1. Daniel

    Inclusão social é uma palavra muito bonitinha mais a sua executabilidade é complexa e demorada. O Estado Brasileiro deveria criar uma politica social especifica para moradores de rua. 50% desse povo tem família, e por que estão ali. Educação é tudo! Investimento em massa para dar oportunidade e principalmente, discernimento. E tantas outras tantas coisas que não dá pra colocar aqui. Bjus e parabéns pelos belíssimo texto.

    http://submundosemmim.blogspot.com

    21 de janeiro de 2010 às 10:58