PEQUENAS COISAS DO DIA.*

Posted by : DANIEL MORAES | 17 fevereiro, 2009 | Published in

A poucas horas fiz algo que a muito tempo não fazia, que era jogar futebol de areia. Desde o final de 2006 quando fui para Flores de Goiás (GO), que não jogava uma pelada. Muitos perguntarão: o que há de tão interessante nisso? Dir-lhes-ei agora!

Ultimamente ando sedentário. O dia-a-dia enfadonho vai aos poucos ceifando o desejo e vontade de praticar esportes, e vamos lentamente substituindo um exercício físico / diversão pelo levantamento de copo.

Todo mundo anda dizendo que estou ficando barrigudo. Imaginem um cara magro de buchão! Pois é! (...). Hoje, resolvi que começaria a fazer aquilo que por muito tempo fiz com gosto. Cheguei até a disputar campeonatos de futebol de areia, e fui artilheiro de alguns.

Cheguei a quadra de areia por volta das 18:30 e joguei até 19:20. Nesse meio tempo, além da constatação obvia de que estou fisicamente despreparado, ocorreu-me algo. Como a Praça onde está o campo de areia fica perto de casa, fui andando até lá. No trajeto de ida vi o quanto estamos “artificiais”. Essa neurose capitalista de “vencer” na vida toma boa parte de nosso tempo. Os carros a buzinar incessantemente... Muitos indo pra casa, outros a outros empregos, tantos para suas Faculdades (aliás, conversando com um amigo esses dias, falávamos que hoje em dia ninguém faz a faculdades de seus sonhos, ou seja, não se estuda mais pelos sonhos de criança. Já não queremos ser médicos, advogados, policiais, professores ou bombeiros pelo sonho de sê-los; em tempos de uma ganância desmedida, que se foda os sonhos de infância! Grandes partes dos indivíduos trabalham em empregos que detestam, e fazem pós, mestrado e doutorado para melhor salarialmente).

Após terminar de jogar, suado e morto de cansado, fui até o chuveiro que fica quase ao lado da quadra e pus-me embaixo d’água. Arrotadores, que sensação foi aquela? Por incrível que isso poça soar, o cansaço me revitalizou! Aproveitei e ergui minhas mãos à frente fazendo uma “concha” e saciei minha sede... Digo-lhes, não há água mais bem vinda que aquela! (...) Água misturada com areia, suor e uma bruta felicidade de estar ali... Comecei a pensar o quanto nós somos ridículos; acreditamos que a felicidade está em grandes coisas, em momentos grandes, de verdadeira epopéia que demora a eternidade de uma quimera...

Tomei o rumo de casa, com as pernas cambaleando de tão cansado que estava. No trajeto, já com o transito “mais ou menos”, fui reparando nas paisagens. O céu meio nublado mais permitindo vê algumas estrelas e a lua que dava um ar magnífico a cena que via...

Parei em um pequeno lanche, pedi uma água mineral e um senhor de mais ou menos 70 anos me atendeu. Enquanto me atendia, iniciou um papo comigo dizendo de sua alegria de ser avô mais uma vez. Engraçado como é a vida, para muitos a glória é um carro zero, casa de luxo, um emprego dos sonhos, enfim... O “viver bem” se traduz em uma materialidade que chega até a ser atroz... Acredito que nada que acabei de citar, praquele senhor têm importância; vi em seus olhos, alegria de constatar que sua menina lhe dava o seu quatro neto. Diga-me, qual felicidade é maior? A material ou a espiritual? Saí de lá contagiado com a alegria daquele Senhor e resolvi escrever esse texto. Não apenas para relatar tudo que vivi hoje, mas para deixar uma pergunta aqueles que lerão esse texto: por quê nos tornamos seres tão mesquinhos? Por quê nossa felicidade se condicionou as coisas materiais? Por quê não nos dedicamos mais a nossas famílias, amigos e amores? Por quê nos vulgarizamos tanto, e nos cegamos para aquilo que verdadeiramente interessa? Por quê achar que a felicidade está nas grandes coisas, se essas, estão exatamente nas coisas pequenas do dia-a-dia.

* Texto originalmente postado no O Arroto.

(10) Comments

  1. Elizeu Soares said...

    Realmente as melhores coisas da vida estão no dia a dia de cada um de nós...
    Fica na paz...

    18 de fevereiro de 2009 às 12:36
  2. Marcela said...

    Sabe Daniel, se eu pudesse, ficava horas e horas aqui falando sobre esse seu texto.
    Por que estamos virando paralíticos por conta própria, por que esquecemos de valorizar as coisas pequenas que nos traz alegria, por que nos deixamos levar pelo capitalismo e esquecemos dos sonhos da infância?
    Tento ao máximo preservar minha individualidade, minha personalidade e eu objetivos, mas cá entre nós Daniel, qual é a chance de um artista plástico viver razoavelemnte bem nesse país? Eu adoro artes plásticas e se houvesse mercado, dedicaria toda minha vida nisso, mas o mudo é capitalista e materialista e bom, o que faço com isso?!
    Baci.

    18 de fevereiro de 2009 às 14:33
  3. PensaUrb said...

    No meio de tantas perguntas pertinentes ao que se pode dizer FELICIDADE.. que bicho é este meu amigo, ja pensou em cada coisa que na sua vida te trouxe um pedacinho disso que chamamos de felicidade?
    Existem pessoas que passam a vida inteira atras deste sentimento, elas trabalham muito, compram coisas cada vez mais caras, vivem amores momentaneos, separam e recomeçam a vida varias vezes e não encontram a Dita cuja, porque será?
    o segredo da felicidade esta em uma frase que pode parecer incoerente ao assunto, mas olha lá:
    É 10 vezes mais facil complicar uma situação e 1000 vezes mais dificil simplifica-la..
    simplifique os momentos como o que relata de ir jogar uma pelada, sabe deixou todo o resto do mundo em segundo plano, as preocupações de contas essas coisas e aquilo se tornou magico, veja como define a agua que tomou na ducha... eu não tomaria uma mistura dessas sem pelo menos um conhaque... porém, é isso .. quando conseguimos desligar do mundo e nos ligar a nós mesmos..os segundos ficam eternos e a vida fica mais gostosa...
    valeu meu irmão pela reflexão!

    18 de fevereiro de 2009 às 15:08
  4. Anônimo

    Daniel
    Conheci na faculdade uma pessoa tão insegura de si, mas tão insegura de si, que ela achava realmente que ela era apenas aquilo que tinhae. Ou seja, ela achava que é o carro, a casa, suas joias e seu dinheiro que definiam quem ela é.

    Ainda hoje, cruzei com ela na rua e percebi que em nada mudou. Continua a ser uma pessoa que não sabe o que é felicidade há anos por que tudo pra ela é julgado pelo lado material.
    Quero dizer: ela é uma pobre de espirito que se 'pensa' ser rica apenas por ter as coisas materiais que tem.

    De um absurdo e uma pobreza humana sem tamanho.

    18 de fevereiro de 2009 às 15:10
  5. Unknown said...

    oii...tem presente para você no meu blog. bjus

    18 de fevereiro de 2009 às 20:26
  6. Pathy said...

    Daniel, sabe aquela história de que só percebemos como é bom estar em casa quando passamos um tempo fora dela? Pois é, acho que é isso... Muitas vezes é preciso sair da rotina pra perceber tudo a nossa volta, ver, de verdade, tudo o que vemos todos os dias com tamanha indiferença...
    =))

    18 de fevereiro de 2009 às 20:54
  7. Haya said...

    "Ceifando nosso desejo de praticar esportes". Sem dúvida, um eufemismo para: vai correr meu filho! Antes que só consigas salvar o espírito!!!!
    Déniel... vc me faz rir muito.

    19 de fevereiro de 2009 às 14:22
  8. Jairo Borges said...

    Felicidade está nas pequenas coisas! Fato! aquela saida com os amigos de sempre, ou ida ao parque! Não soa nada grande mas é essencial para o nosso equilibrio!

    21 de fevereiro de 2009 às 15:23
  9. Jairo Borges said...

    Felicidade está nas pequenas coisas! Fato! aquela saida com os amigos de sempre, ou ida ao parque! Não soa nada grande mas é essencial para o nosso equilibrio!

    21 de fevereiro de 2009 às 15:23
  10. Jairo Borges said...

    Felicidade está nas pequenas coisas! Fato! aquela saida com os amigos de sempre, ou ida ao parque! Não soa nada grande mas é essencial para o nosso equilibrio!

    21 de fevereiro de 2009 às 15:23