CONFISSÕES DE UM SOLITÁRIO. VIRANDO A PÁGINA

Posted by : DANIEL MORAES | 24 agosto, 2008 | Published in

Confesso que por muito tempo protelei a visita que a muito queria fazer à Adenice, a fim de vê-la e a sua menina que hoje tem cinco meses.

Sábado enfim fui a sua casa, e algo me aconteceu. A “A” foi o grande amor da minha vida... Com ela, pude entender o verdadeiro significado da palavra amor, e sentir a dor dilacerante de não ser correspondido. Mesmo passado dez anos, sempre nutria uma espécie de “ai de bolero”, um suspiro dentro d’alma que acontecia toda vez que nos víamos, algo do tipo, “lembre-se sempre de sua dor”.

Primeiro, a visita era pra ser de médico; quando me despedi dela e de seu marido, já era 22:00 horas e passadas três horas de bate papo. Segundo, a filha da mãe sabe fazer filho (no caso, filha, Eva). Sua cria é uma fofura! Conversamos sobre quase tudo... Sobre a idéia de reunir toda a turma da 105 pra comemorar uma data que é bastante emblemática. Dez anos de amizade em tempos de relações humanas cada vez menos intensas e frívolas é algo de se espantar e comemorar; contudo, chegou-se a constatação inequívoca que o tempo passou pra todos. Como bem diz a Letícia em texto postado no O Arroto intitulado Esquecimento, “um dia agente esquece o primeiro amor imortal”; falamos sobre o tempo, e o quanto separou uma turma que parecia ser inseparável, e enquanto ela discorria sobre o assunto, a observava e principalmente, me observava... Comecei a perceber que já não mais olhava com “olhos de contemplação”. Vi que minh’alma já não mais suspirava “ais de boleros”, e percebia a inequívoca verdade: eu mudei! Acredito que ainda nutria algo pela Adenice, mais pelo imaginário amoroso que sempre permeou meu pensamento e coração; enxerguei o quanto à mesma está feliz com a família que constituiu, e sentir-me feliz por ela! Num determinado momento, falamos de um casal de amigos nossos que estão namorando há muito tempo; falei que foi um casal que apesar dos pesares, deu certo. Disse que quando reencontrei essa amiga após regressar de Flores de Goiás, a mesma me recebeu de uma forma meia fria, após um encontro por acaso numa festa. Cogitamos algumas possibilidades, e entendi que realmente mudei; mas a essência minha continua a mesma. A experiência de morar fora e sozinho me fez ver a vida como ela é, sem ilusões, máscaras ou maquiagens; por isso, acredito que enfim percebi que Adenice e Daniel é uma história de amizade e não amorosa; tirando um amigo e uma amiga, da turma do 1º ano n.º 105, é a pessoa que tenho um vínculo, uma história, que sempre foi e será uma grande e verdadeira amizade! (...).

A vida nos fez tomar caminhos diferentes, e somos completamente antagônicos no viver. Aliás, hoje percebo que sempre foi assim... Talvez o que senti por dez anos, disfarçou as diferenças, que sempre tiveram ali, impossibilitando qualquer outra coisa que não fosse amizade. Sair da casa dela pra lah house com um sentimento de alívio e vazio. Pensei, “Deus, estou livre!”; mas não queria essa liberdade; o amor “banho Maria” pela “A” criou em mim a ilusão, um sonho, de uma amor igual ou maior do que eu senti a dez anos atrás. Após sábado, não há mais ninguém... Coração vazio, jogado, solitário... Percebi o quanto sou sozinho; pior de tudo é essa solidão de estar acompanhado por 1000 pessoas, e ainda sim, sentir-se só.

Saí da lah house e fui pra noite. Apesar desse sentimento, mix de liberdade e vazio, entendi que preciso me libertar dos fantasmas; resolvi que nunca mais quero “raspas e restos”. Vou aproveitar a vida, pois ela é curta... Mas irei dar mais valor aos meus sentimentos, afinal, também sou filho de Deus e mereço ser feliz! Agradeço a Adenice e todo bem e mau que me fez, mas “ais de boleros”, nunca mais! Estou virando a página, sei que um dia encontrarei a tampa da minha panela.

NO VÍDEO: Confesso - Ana Carolina

Confesso acordei achando tudo indiferente
Verdade acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final
Não vou dizer que tudo é banalidade
Ainda há surpresas mas eu sempre quero mais
É mesmo exagero ou vaidade
Eu não te dou sossego, eu não lhe deixo em paz
Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais
Tanta coisa foi acumulando em nossa vida
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída
Perder o vazio é empobrecer
Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais
Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais

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