Meus últimos três relacionamentos terminaram com a frase: “Você é independente demais.”. Aliás, todos os meus relacionamentos amorosos, quando acabam, seja lá qual tenha sido o motivo, tem um “quê” de independência minha. Tem uma pitada de “ai, que susto, ela se vira...”.
Sempre escuto essas coisas. Sempre me dizem que sou muito “pra frente”.
Nunca entenderam minhas aulas de Teatro, Circo, Mágica, Ginástica Olímpica...
Não conseguem entender, será possível, que fazer Cooper escutando música e a minha própria respiração é puro prazer? Que correr conversando sobre como foi o meu dia hoje é um saco?
Que evito roupas provocantes não para agradá-los, mas porque me sinto vulgar?
Será que não entendem que não são donos do controle remoto e que tanto o futebol quanto a novela das oito são inúteis?
Não entendem que mesmo com todo o apoio dos familiares... Criar um filho sozinha é quase uma insanidade? A gente vira bicho-grilo. Tem que cuidar das nossas coisas de mulher moderna e tal e ainda cuidar das coisas do filho, todo moderninho com seu MP3, PlayStation, Computador Dell, etc. E pagar a conta.
E ainda tem que ser gostosa, sarada, cool, na moda, barriguinha de tanque, pele bonita, maquiagem legal, cabelo bem cortado, intelectual, saber das tendências do mercado... Só que eu também tenho que saber das tendências do para casa de Geografia que o moleque não fez ontem. E ainda tenho que saber se a PIIIIIIIII da empregada ta fazendo batata frita todos os dias e... AHHHHHHHHHHHHHH!
Ontem à noite (quase hoje), quando me deitei para dormir aproveitei o controle remoto da TV a cabo em mãos e aproveitei para bloquear todos os canais de desenho, seriados da Disney, música, clipes, filmes, etc. Aí me lembrei da questão do controle remoto. E daí estas palavras. E daí as lembranças.
Vou dizer: Nasci de uma mãe que nem era pra ter nascido (aos seis meses de gestação da minha avó em 1950), de uma avó negra que cuidou dos seus três filhos legítimos e mais uma emprestada para o resto da vida. Sozinha. Minha mãe pagou meu colégio, meu Mirabel, meu curso de Inglês, meu Intercâmbio, meu bubaloo, minha natação e por aí vai. Sozinha.
“Portantoquanto”: Não sei bem como “pedir permissão” para fazer algo, como bloquear os canais da TV porque meu filho está de castigo ou até mesmo para sair com minhas amigas.
Não sei nem se quero desenvolver esta habilidade de ficar “esperando na janela”, com cara de “mulher que espera marido na janela, de avental, com a janta pronta, a mesa feita e a garrafa de cerveja no congelador”...
Até gosto de ser meio Amélia às vezes... Fazer uma graça, deixar ele comandar o carro, a TV, o fogão, a conta do restaurante e tal. Mas daí a ser Amélia de verdade... É como dizer ao rato que gato traz boa sorte.
Por último tentaram me domar. Por um tempo até me acostumei. Mas virei a Barbie dele. Ele queria que eu comesse tal coisa, sentada em tal lugar, ouvindo as tais lamúrias do trabalho dele... Ele queria que eu ficasse na janela todos os dias esperando “a hora que desse pra ele chegar”, bonitinha, de banho tomado, perfumada e sorrindo. E não me deixava pagar contas, me buscava e me levava e começou até a escolher a roupa que eu deveria vestir. O tênis que meu filho devia calçar...
Aí não, né?
Voltei a correr, cuidar de mim, do meu filho, da minha avó, da minha mãe, da minha cachorra, da empregada, do meu trabalho, do meu mestrado. Porque esperar na janela deixou de ser suportável.
É simples como não gostar de cerveja e só tomar destilado. Eu simplesmente sou assim. Independente.
E, voltando ao assunto do começo desta labuta: Não sou brinquedo de ninguém e se a minha independência incomoda... Que nos fodamos todos! Porque encheu o saco esse negócio de tentar ser a bonitinha que lê livros do Paulo Coelho, que ama loucamente o Victor e Léo e que fica em casa lavando cueca de marmanjo enquanto ele diz que vai jogar futebol com os amigos.
Prefiro ter meu dia cheio, fazer coisas que gosto, ler livros realmente interessantes, ver filmes diferentes, aculturar-me como bem entender.
Agora eu é que vou terminar meus relacionamentos com a frase: “Você é muito dependente!”.
E tenho dito.
Sempre escuto essas coisas. Sempre me dizem que sou muito “pra frente”.
Nunca entenderam minhas aulas de Teatro, Circo, Mágica, Ginástica Olímpica...
Não conseguem entender, será possível, que fazer Cooper escutando música e a minha própria respiração é puro prazer? Que correr conversando sobre como foi o meu dia hoje é um saco?
Que evito roupas provocantes não para agradá-los, mas porque me sinto vulgar?
Será que não entendem que não são donos do controle remoto e que tanto o futebol quanto a novela das oito são inúteis?
Não entendem que mesmo com todo o apoio dos familiares... Criar um filho sozinha é quase uma insanidade? A gente vira bicho-grilo. Tem que cuidar das nossas coisas de mulher moderna e tal e ainda cuidar das coisas do filho, todo moderninho com seu MP3, PlayStation, Computador Dell, etc. E pagar a conta.
E ainda tem que ser gostosa, sarada, cool, na moda, barriguinha de tanque, pele bonita, maquiagem legal, cabelo bem cortado, intelectual, saber das tendências do mercado... Só que eu também tenho que saber das tendências do para casa de Geografia que o moleque não fez ontem. E ainda tenho que saber se a PIIIIIIIII da empregada ta fazendo batata frita todos os dias e... AHHHHHHHHHHHHHH!
Ontem à noite (quase hoje), quando me deitei para dormir aproveitei o controle remoto da TV a cabo em mãos e aproveitei para bloquear todos os canais de desenho, seriados da Disney, música, clipes, filmes, etc. Aí me lembrei da questão do controle remoto. E daí estas palavras. E daí as lembranças.
Vou dizer: Nasci de uma mãe que nem era pra ter nascido (aos seis meses de gestação da minha avó em 1950), de uma avó negra que cuidou dos seus três filhos legítimos e mais uma emprestada para o resto da vida. Sozinha. Minha mãe pagou meu colégio, meu Mirabel, meu curso de Inglês, meu Intercâmbio, meu bubaloo, minha natação e por aí vai. Sozinha.
“Portantoquanto”: Não sei bem como “pedir permissão” para fazer algo, como bloquear os canais da TV porque meu filho está de castigo ou até mesmo para sair com minhas amigas.
Não sei nem se quero desenvolver esta habilidade de ficar “esperando na janela”, com cara de “mulher que espera marido na janela, de avental, com a janta pronta, a mesa feita e a garrafa de cerveja no congelador”...
Até gosto de ser meio Amélia às vezes... Fazer uma graça, deixar ele comandar o carro, a TV, o fogão, a conta do restaurante e tal. Mas daí a ser Amélia de verdade... É como dizer ao rato que gato traz boa sorte.
Por último tentaram me domar. Por um tempo até me acostumei. Mas virei a Barbie dele. Ele queria que eu comesse tal coisa, sentada em tal lugar, ouvindo as tais lamúrias do trabalho dele... Ele queria que eu ficasse na janela todos os dias esperando “a hora que desse pra ele chegar”, bonitinha, de banho tomado, perfumada e sorrindo. E não me deixava pagar contas, me buscava e me levava e começou até a escolher a roupa que eu deveria vestir. O tênis que meu filho devia calçar...
Aí não, né?
Voltei a correr, cuidar de mim, do meu filho, da minha avó, da minha mãe, da minha cachorra, da empregada, do meu trabalho, do meu mestrado. Porque esperar na janela deixou de ser suportável.
É simples como não gostar de cerveja e só tomar destilado. Eu simplesmente sou assim. Independente.
E, voltando ao assunto do começo desta labuta: Não sou brinquedo de ninguém e se a minha independência incomoda... Que nos fodamos todos! Porque encheu o saco esse negócio de tentar ser a bonitinha que lê livros do Paulo Coelho, que ama loucamente o Victor e Léo e que fica em casa lavando cueca de marmanjo enquanto ele diz que vai jogar futebol com os amigos.
Prefiro ter meu dia cheio, fazer coisas que gosto, ler livros realmente interessantes, ver filmes diferentes, aculturar-me como bem entender.
Agora eu é que vou terminar meus relacionamentos com a frase: “Você é muito dependente!”.
E tenho dito.
Postado por: Carol Bahasi
Carol, te dizer que mulher igual a você anda difícil de se encontrar no mercado. Acho que, independente do sexo, temos de ser independentes; senhores totais e absolutos de si. Quem está na nossas vidas, tem de entender que fazem parte, ou seja, não são o nosso mundo. Ótimo texto. Bjus.
Tem um tipo de mulher que intimida os homens (sei bem como é...). O lado bom disso é que quem fica com mulher assim é "macho de verdade", já dizia meu avô... rssss
Carol o homem que se assusta com a mulher independente é bem o que vc disse: totalmente dependente.
Como se a companheira fosse uma bengala...
É a velha frase : eu te amo , vc é perfeito...agora muda.
Coisa de gente doida.
Bom mesmo é sermos autênticos e encontrarmos um par assim tbm que entenda que relacionamento são 2 indíviduos e não , 1 e meio...
isso aí! não somos 1 e meio... ADOREI.
Entretanto, o que vemos hoje em dia são as mulheres se dando conta que são independentes, sim, e que, afinal das contas o "dependente" não são elas e nunca foi.
Mirian,
Não quero ser A FEMINISTA, mas é verdade pura. Eu, que sou mãe, vou ousar dizer uma coisa nojenta:
Homens não sabem o que é ficar "embuchada", "parir" um cabeção de bebê (com fórceps) e sentir todas as dores que se tem direito a um parto marcante (dois dias e duas noites em trabalho de parto, lavagem - argh!, estorar a bolsa comuma pinça de um metro, peridural, "faz força ou este menino não sai!", amamentar até o peito desmanchar, ficar assexuada por um tempo...) Isso tudo aos 18 anos...
Deus, perdôe-os. Eles não sabem o que dizem.
Dependente são eles, mesmo...
E no final das contas, quem cuida das febres, otites e vômitos nas madrugadas?
Independência ou morte!